A Favela do Rola, em Santa Cruz, na Zona Oeste, se tornou, juntamente
com Antares, o reduto de uma das principais facções criminosas do Rio
em meio ao processo de pacificação. Um mês antes da operação policial
que registrou um auto de resistência forjado pela Core, policiais
militares do 27º BPM (Santa Cruz) tentaram localizar no Rola o
traficante Diogo de Sousa Feitosa, o DG, que tinha acabado de ser
resgatado por comparsas quando estava preso na 25ª DP (Engenho Novo).
Na
época, a ação foi filmada pela câmera do helicóptero da PM — no mês
passado, DG foi morto numa operação do Bope no Complexo da Maré. Numa
distância de mais de 60 quilômetros da área central da cidade, o Rola já
abrigou traficantes conhecidos, como Luciano Martiniano da Silva, o
Pezão, Fabiano Atanázio da Silva, o FB, e Marcelo Fernando Pinheiro
Veiga, o Marcelo Piloto. Operaçao nas favelas Rola e Antares Foto: Thiago Lontra / Extra
De acordo com o 27º BPM (Santa Cruz), batalhão da área, as
favelas do Rola e Antares têm uma divisão geográfica para abrigar os
bandidos foragidos. No Antares, ficam os principais chefões, já que há
uma rota de fuga na área pela Estrada Urucânia, no acesso à estação de
trem Tancredo Neves.
O Rola virou reduto de bandidos do segundo e
terceiro escalão, vindos de áreas pacificadas, como Complexo Alemão,
Manguinhos, Mandela, Jacaré e Cidade de Deus. Armados com armas de
grosso calibre, eles tentam impedir o avanço dos policiais nas operações
de combate ao tráfico. E costumam reagir à presença da PM.
—
Fazemos as operações com cautela e com objetivo específico, para evitar
que moradores sejam baleados — disse o tenente-coronel Friederik
Bassani, comandante do batalhão.
Operação policial nas favelas do Rola e Antares
Foto:
Thiago Lontra
/
Extra
As operações da Polícia Militar costumam ocorrer durante a
madrugada, para evitar que moradores sejam atingidos por balas perdidas.
Com
um poderio bélico composto por mais de 80 armas e cerca de 40 fuzis, os
traficantes não armam apenas barricadas para evitar o avanço dos cerca
de 60 homens do 27º BPM que costumam participar das operações. Os
bandidos também fazem valas nas vias de acesso à comunidade para impedir
que os PMs entrem em seu território.
— São estratégias que
prejudicam as operações policiais. Mas estamos preparados para agir.
Fazemos operações constantes, para melhorar a qualidade de vida das
pessoas — disse o comandante do batalhão.
Mas nem sempre os
policiais escapam ilesos de operações numa área onde há reação do
tráfico. Do ano passado para cá, oito policiais do 27º BPM foram
baleados nas favelas do Rola e Antares. Um PM morreu há uma semana,
baleado na cabeça.
Dinho Porquinho, quando foi preso em 2005
Foto:
Hipólito Pereira
/
O Globo
Sob o comando de Tyrson
Os traficantes
Marcelo Soares da Silva, o Macarrão, e Márcio Batista da Silva, o Dinho
Porquinho, apontados como chefões do tráfico nas favelas de Rola e
Antares, na Zona Oeste do Rio, estão atrás das grades. Na ausência
deles, quem dá as ordens é o traficante Jaime de Souza Pires, conhecido
como Tyrson.
O Disque-Denúncia (2253-1177) oferece mil reais por
informações que levem ao seu paradeiro. Além dele, o serviço também
oferece recompensa por dados sobre os traficantes Alexandre da Silva, o
Xandoca, e também Luís Antônio Andrade, o Toinho Perneta.
Segundo
informações passadas pelo 27º BPM, o tráfico de drogas possui uma
organização quase empresarial nas favelas, com escala dividida em
gerência e até turnos de 12 horas.
Para cerca de 450 pacientes
internados em um centro de dependentes químicos que fica na Avenida
Cesário de Melo, em Antares, a presença de traficantes vendendo drogas
em plena luz do dia virou uma espécie de shopping center do vício. A senha do tráfico
De
acordo com a Polícia Militar, os bandidos falam em código pelo
radiotransmissor. “A hora e o momento”, por exemplo, é a senha para que
os bandidos passem da Favela do Rola para Antares, já que não há
policiais por perto.
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