terça-feira, 26 de maio de 2020

O Perigo do COVID-19

O Perigo do COVID-19
Falam de respiração ou ventilação artificial, mas tem muita gente que não tem a mínima ideia do que se trata.

Não é uma máscara de oxigênio posta na boca enquanto você fica deitado pensando em sua vida.
A ventilação é invasiva para o COVID-19, é uma entubação que é feita sob anestesia geral e que consiste em ficar 2 a 3 semanas sem se movimentar, muitas vezes de cabeça para baixo (decubitus ventral) com um tubo enterrado na boca até a traquéia e que lhe permite respirar ao ritmo da máquina a que está conectado.
Você não pode falar nem comer nem fazer nada de forma natural.
O incômodo e a dor que sente precisam da administração de sedativos e analgésicos para garantir a tolerância ao tubo durante o tempo que o paciente precisar da máquina para respirar, tudo isso durante um coma artificial.
Em 20 dias deste "tratamento suave" em um paciente jovem a perda de massa muscular é de 40 % e a reabilitação será de 6 a 12 meses, associado a traumatismos da boca ou até mesmo das Cordas vocais, uma dor sem tamanho.
Isso se o tempo de internação não for longo demais e o tubo tiver que ser retirado para fazer uma traqueostomia.
É por isso que as pessoas idosas ou já frágeis não aguentam.
Então, não saia de casa pra bater ponto na casa dos pais, dos irmãos, dos amigos.
Seja responsável!

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Brasil já perdeu mais profissionais de enfermagem para o coronavírus do que Itália e Espanha juntas

Desde o início da crise, 73 trabalhadores brasileiros foram mortos pela covid-19. Falta de equipamentos de proteção e manutenção de idosos em atendimentos de doentes contribuem para a alta mortalidade



Coube à enfermeira veterana Carla Mileni Siqueira dos Santos, 49, colher o material para exames da primeira pessoa com suspeita de covid-19 na pequena cidade de Rondon do Pará (PA), em meados de março. A situação era assustadora: uma doença sem cura, sobre a qual pouco se sabia, em um hospital modesto de um município de 52.000 habitantes. Com mais de 20 anos de profissão, Carla fez aquilo que sempre fez ao longo da carreira: tranquilizou a paciente, uma idosa, e calmamente realizou o protocolo para testagem da doença. Mesmo tomando todos os cuidados, dias depois ela própria adoeceu. Ficou alguns dias em isolamento em casa, mas a situação piorou e ela precisou ser internada no final de abril. “No domingo de manhã, 3 de maio, ela teve uma piora e pediu para ser entubada. Mas teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu”, conta Nathalia Roberta Siqueira dos Santos, 25, filha de Carla. “Foram 21 anos dedicados à enfermagem com muito amor. Ela era apaixonada pela profissão, uma líder que além de trabalhar na linha de frente dava cursos e ajudava a formar profissionais de saúde, enfermeiros, técnicos e auxiliares”, conta.
Estas mulheres —quase 85% dos trabalhadores de enfermagem são do sexo feminino— e homens que estão todos os dias na linha de frente do combate ao coronavírus nos hospitais brasileiros estão morrendo a uma taxa alarmante, uma das maiores do mundo. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), até esta quarta-feira foram identificados 73 óbitos de profissionais pela covid-19 no país. São vítimas jovens: a maior parte (41) tinha menos de 60 anos, sendo uma delas de apenas 29 anos. A cidade de São Paulo, maior epicentro da crise sanitária no país, lidera o ranking com 18 mortos, seguida por Rio de Janeiro, com 14 casos. O Cofen laçou uma plataforma para monitorar as mortes na enfermagem em todo o Brasil, com o auxílio dos Conselhos Regionais. Além destas vítimas, outros 16 óbitos envolvendo trabalhadores da área ainda estão sob análise, aguardando resultado de testes.
Para efeito de comparação, os Estados Unidos, país com maior número vítimas da pandemia (mais de 71.000), perdeu 46 profissionais de enfermagem, segundo entidades de classe. A Itália, segunda nação mais afetada pela doença com mais de 29.000 vítimas, teve 35 óbitos, de acordo com informações da Federazione Nazionale degli Ordini delle Professioni Infermieristiche, entidade equivalente ao Cofen no país europeu. A Espanha, que vem logo atrás com mais de 25.000 mortos, teve apenas quatro óbitos entre profissionais da área, segundo o Consejo General de Enfermería. Os dois países europeus tiveram o início da crise antes que o Brasil e já passaram do pico de casos. Os dados da China, apesar da terem a confiabilidade contestada, somam 23 até o final de abril. Por fim, o Conselho Internacional de Enfermagem estima que “mais de 100 enfermeiros e técnicos perderam a vida pela covid-19 enquanto trabalhavam na linha de frente”. Ou seja, o Brasil corresponde à maior fatia do total global de óbitos na profissão. O órgão, no entanto, reconhece que este balanço é apenas a ponta do iceberg.
“Um dos fatores [para a alta mortalidade] é que boa parte dos serviços de Saúde não afastou profissionais com idade avançada, acima de 60 anos, e com comorbidades. Eles continuam atuando na linha de frente da pandemia quando deveriam estar em serviços de retaguarda ou afastados”, afirma Manoel Neri, presidente do Cofen. Foi este o caso da enfermeira Maria Aparecida Duarte, 63, conhecida pelos colegas como Cidinha. Ela continuou trabalhando praticamente na porta de um pronto-socorro em Carapicuiba, na Região Metropolitana de São Paulo, apesar de ser parte do grupo de risco. Contraiu a doença e morreu em 3 de abril.
Um dia depois de sua morte a Justiça Federal determinou que profissionais de enfermagem do sistema público que façam parte de grupo de risco (por idade ou doença) devem ser realocados para funções que não envolvam contato com pacientes de qualquer síndrome gripal. A decisão veio tarde para Maria e dezenas de outros profissionais. Uma outra ação semelhante pede que esta medida seja ampliada para os trabalhadores da rede privada.
Outro problema enfrentado pelos profissionais da enfermagem é a falta de equipamentos de proteção individual, os EPIs. “Não apenas escassez quantitativa desses produtos, mas também a qualidade do material é questionável. Outra questão é o treinamento das equipes para usá-los: muitos profissionais se contaminam ou pelo uso inadequado do EPI, ou então na hora da desparamentação [retirada da máscara, luvas e avental]”, diz Neri.
O técnico de enfermagem Luís Cláudio Bernarda, 43, foi testemunha direta das tragédias que a falta de condições mínimas de segurança no trabalho podem provocar. “Ele tinha me alertado de irregularidades que estavam ocorrendo no hospital onde trabalhava, em Itapevi [Região Metropolitana de São Paulo]. Reclamou especificamente da falta de EPIs”, conta o colega Jefferson Caproni, 35. Dias depois, o teste de Luís deu positivo para a covid-19. Em duas semanas ele morreu de insuficiência respiratória. Além de um profissional da Saúde, se foi também o amigo e companheiro de Jefferson em ações sociais de prevenção nas periferias de São Paulo: “A gente fazia ação voluntária juntos, de prevenção da Saúde em Osasco e Carapicuíba, nos bairros mais pobres”.
A situação dos profissionais de Saúde é crítica em todas as cidades onde o sistema sanitário se aproxima (ou já chegou) ao colapso, como Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, São Paulo e Rio, por exemplo. Com as unidades de tratamento intensivo quase lotadas, prefeituras e Estados tentam como podem abrir mais vagas para atender a população com coronavírus. Mas isso pode ter um efeito negativo: “Muitos leitos de UTI estão sendo abertos sem enfermeiros e médicos especializados em UTIs. Então o profissional acaba sendo colocado nesse serviço extremamente especializado sem o treinamento adequado”, diz Neri. "Todos estes fatores que levam à morte de profissionais da Saúde existem tanto nos hospitais públicos quanto nos privados”.

Noventa alunos de escola militar de Barbacena são infectados pelo coronavírus

Chegou a 90 o número de integrantes da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) em Barbacena, no Campo das Vertentes,  infectados com o novo coronavírus (Covid-19). A informação foi atualizada pela assessoria de imprensa da Aeronáutica. Seis integrantes apresentam sintomas leves, estando o restante com o quadro assintomático.

"Conforme as diretrizes do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) quanto à prevenção, à testagem e às respostas médicas relacionadas à COVID-19, todos os militares com suspeita de exposição ao novo coronavírus ou com quaisquer sinais da doença, por mais leves que sejam, estão sendo direcionados ao isolamento e recebem o tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde", informou a aeronáutica. 
A escola teve as aulas suspensas em março, mas em abril as atividades foram retomadas. "A EPCAR realizou um cronograma de testagem para todos os militares da organização, de forma a possibilitar a liberação segura dos alunos para férias escolares de três semanas. Todos os alunos foram testados e a expectativa é que a liberação deles seja concluída até domingo (24)", informou a Aeronáutica. 
A aeronáutica não falou sobre a volta das aulas em meio a pandemia, mas na nota disse que a escola readequou as atividades escolares e implementou procedimentos de prevenção alinhados aos protocolos do Ministério da Saúde.
Denúncias de pais 
O caso de coronavírus entre os estudantes da Epcar veio à tona após denúncias de pais dos alunos aquartelados na escola militar. Eles foram até o Conselho Tutelar de Barbacena denunciar que os adolescentes estariam tendo aulas presenciais com militares não aquartelados, ou seja, que tinham contato com pessoas de fora da Escola. Também denunciaram que já havia casos positivos de Covid-19 entre alunos. “Recebemos a primeira denúncia na sede do Conselho Tutelar de forma anônima e, após essa denúncia, vieram várias outras de pais de alunos preocupados com seus filhos porque teriam retornado às aulas presenciais”, disse a presidente do Conselho, Renata Chaves Batista.
“Em tal denúncia foi relatada a situação de risco iminente na qual os 514 alunos estavam sendo submetidos, uma vez que estariam aquartelados, sem o distanciamento social recomendado, ainda realizando atividades como gincanas, e as aulas presenciais teriam retornado em 06/04/2020, aulas estas ministradas por professores militares, estes por sua vez possuíam contato com familiares e alunos, e poderiam contaminar os alunos”, informou o Conselho Tutelar por meio de nota.
Após as denúncias, o órgão levou o caso ao Ministério Público Federal (MPF) de São João del-Rei. “Assim, frente a tais denúncias nos reportamos ao Ministério Público Federal, requisitando providências cabíveis em favor dos alunos, este competentemente averiguou tal situação e nos encaminhou uma determinação para uma inspeção na EPCAR juntamente com profissionais da vigilância sanitária municipal”.
A inspeção aconteceu no dia 12 de abril e, na ocasião, o Conselho Tutelar confirmou que os alunos estavam realizando aulas presenciais “em sala de aula, no momento todos usando máscaras, no entanto não havia o devido espaçamento de segurança entre eles, não havia álcool em gel disponibilizado em salas de aula ou alojamentos, somente na área de alimentação”.  Ainda segundo Renata Chaves, os professores civis estavam trabalhando por meio de vídeo-aulas, enquanto os militares estavam em sala de aula.
Segundo a presidente do Conselho, após a inspeção que constatou diversas situações que violam as recomendações dos órgãos de saúde em relação às medidas para o enfrentamento ao coronavírus, a Epcar suspendeu novamente as aulas. 
A Epcar possui 514 estudantes que ficam na escola durante a semana. Nos finais de semana, eles podem ir para casa. No entanto, muitos ficam porque tem famílias em outras cidades. Porém, segundo Renata Chaves, desde o início da pandemia de coronavírus eles foram aquartelados definitivamente. ‘Eles foram aquartelados em março, e há 60 dias que permanecem sem sair”.
Por meio de nota, a Aeronáutica informou que “a EPCAR tem realizado esforços no combate ao coronavírus desde que o Ministério da Saúde reportou os primeiros casos no Brasil. Dessa forma, a Escola readequou as atividades escolares, implementando procedimentos de prevenção alinhados aos protocolos do Ministério da Saúde”.
Também por nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) ressaltou "que a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena, não está sob a gestão da SES". No entanto, o órgão reforçou "a importância das medidas de distanciamento social aplicadas no Estado para evitar a propagação do novo coronavírus e evitar a sobrecarga da rede de saúde no Estado".

O Brasil tem pelo menos 109 concursos públicos com inscrições abertas nesta segunda-feira (25) que, juntos, oferecem mais de 15,4 mil vagas. Há oportunidades para todos os níveis de escolaridade. Só na Prefeitura de São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, há oportunidade com remuneração que chega a R$ 18.536,94.

Governos da América do Sul estão adotando medidas de ajuste e realocação orçamentária para enfrentar as necessidades financeiras de seus sistemas de saúde



RIO — Enquanto a pandemia avança e  o número de contagiados e de vítimas fatais cresce, alguns governos da América do Sul estão adotando medidas de ajuste e realocação orçamentária para enfrentar as necessidades financeiras de seus sistemas de saúde. O Uruguai reduzirá em 20% o salário de altos funcionários e aposentadorias mais privilegiadas; o Paraguai começará a discutir uma profunda reforma do Estado que poderia levar a demissões em massa, e na Argentina,  o presidente da Câmara, Sergio Massa, anunciou que vai transferir fundos destinados ao funcionamento da Casa e os chamados “recursos especiais reservados” dos deputados ao Ministério da Saúde e a organismos que estão atuando no combate ao coronavírus.
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, empossado em 1 de março, comunicou a criação do chamado “Fundo Coronavírus”, com recursos de salários de servidores e pessoas com cargos políticos.
— Não vamos reduzir o salário de funcionários públicos e políticos para economizar, e sim para gastar. Isso é solidariedade pura para as pessoas. Precisamos gastar — declarou Lacalle Pou.
Seu salário também será reduzido em 20% para contribuir com o novo fundo.
— Este é o momento de todos fazermos um esforço — frisou o chefe de Estado uruguaio.
A medida está prevista num projeto de lei que será enviado esta semana ao Parlamento do país. A aliança de governo, formada por cinco partidos, tem votos suficientes para aprová-la. De qualquer forma, o respaldo obtido por Lacalle Pou foi expressivo e deve facilitar o rápido tratamento do projeto.
Paralelamente, a Câmara do Uruguai já aprovou a eliminação dos chamados “fundos de imprensa”, em torno de US$ 800 (R$ 4.131) por deputado, previsto para a compra de jornais e revistas no Parlamento. O Uruguai confirmou esta semana a primeira morte no país por Covid-19.
Em Assunção, o governo do presidente Mario Abdo Benítez começou a discutir uma ampla reforma do Estado. Segundo informaram altas autoridades do país, o governo quer “melhorar a qualidade do gasto público”.
— O dinheiro público deve ser mais bem investido — pregou o vice-presidente Hugo Velázquez.
Na Argentina, país que tem sido elogiado por especialistas pela rapidez em adotar medidas drásticas de combate à pandemia, a Câmara, que está funcionando com reuniões e debates virtuais há mais de duas semanas, redistribuiu despesas.
— Retiramos dos deputados as chamadas “despesas especiais” e usamos os recursos destinados ao funcionamento da Câmara, as despesas logísticas, e tomamos a decisão de que todos esses recursos sejam enviados ao sistema de saúde — explicou ao GLOBO o presidente da Câmara argentina, muito próximo de seu colega brasileiro, Rodrigo Maia, com quem tem se comunicado nos últimos dias.
Para Massa, “numa emergência não podem existir despesas especiais da política”.