Carros quebraram, formaram-se buracos e pessoas passaram mal.
Martelo que 'levita', efeitos sonoros e toboágua gigante foram surpresas.
Martelos que levitam, fantasias que mudam de cor, efeitos sonoros que
imitam trovões, um toboágua de 15 metros no meio da Sapucaí. Para
celebrar o ano da Alemanha no Brasil, a
Unidos da Tijuca
empolgou o público com muitas surpresas e efeitos especiais. Mas,
apesar de criativo, o desfile foi cheio de problemas: carros quebraram e
tiveram princípio de incêndio, formaram-se buracos no meio do trajeto e
duas integrantes desmaiaram.
(
VÍDEOS AO LADO: Mulher que desmaiou é atendida na
dispersão; bombeiros escalam carro alegórico para socorrer outra
integrante que passou mal; fumaça sai de carro 'Floresta Encantada' e
bombeiros tentam resolver problema; carro abre-alas quebra e empaca na
dispersão; problema da alegoria que empacou é resolvido; o carnavalesco
Paulo Barros fala após o desfile; a comissão de frente; Juliana Alves,
rainha de bateria; o samba-enredo; carro alegórico com toboágua gigante;
a bateria; outro destaque, Patricia Shélida.)
Os problemas começaram logo no início, quando, devido a um erro de
manobra, uma peça do carro abre-alas quebrou e um integrante teve que
segurá-lo ao longo de toda a avenida. Por isso, a escola ficou com um
buraco entre a comissão de frente e o abre-alas, o que pode tirar pontos
na nota.
O carnavalesco Paulo Barros mostrou preocupação. "Se eu não infartei
até agora eu não infarto mais", disse ao repórter da TV Globo. Para ele,
o viaduto na entrada da Sapucaí dificulta a passagem de carros altos.
"O sambódromo é maravilhoso, mas tem que arrumar uma solução pra isso. É
dificil fazer um carnaval nesse estado", disse.
Esse mesmo carro teve um problema elétrico no final e ficou parado logo
antes da dispersão, no fim do desfile. Os integrantes que vinham depois
passavam em volta dele, mas havia a preocupação de que os carros
seguintes ficassem engarrafados. A complicação foi resolvida quando o
carro foi cortado com uma serra elétrica.
O segundo carro também apresentou problemas. Logo após entrar na
avenida, uma fumaça saiu do alto e quatro bombeiros chegaram a escalar a
alegoria para ajudar os membros que estavam em cima. O problema foi
controlado rapidamente e o carro continuou andando, mas outro buraco se
formou entre ele e a primeira alegoria.
Mais à frente, uma integrante de outra alegoria passou mal,
aparentemente por causa do calor. Ela foi socorrida pelos bombeiros e
passa bem.
Por fim, já na dispersão, uma senhora desmaiou no carro Floresta Encantada e foi levada para uma ambulância.
Martelo que levita
A Unidos da Tijuca é a atual campeã do carnaval carioca e venceu também
o campeonato de 2010. Paulo Barros, conhecido pela originalidade de seu
trabalho, levou para a Maquês de Sapucaí seres mitológicos e de contos
de fadas da cultura alemã, além de muitos brinquedos.
Terceira a desfilar neste domingo (10), a escola apresentou o enredo
"Desceu num raio, é trovoada! O Deus Thor pede passagem para mostrar
nessa viagem a Alemanha Encantada", que mostrava a contribuição do povo
alemão para a nossa civilização, passeando por temas como artes, música,
ciência e tecnologia.
O desfile foi dividido em seis setores, com seis alegorias, cada uma
encenando um trecho do enredo. Ao todo desfilaran cerca de 3.800
componentes, divididos em 30 alas.
As surpresas começaram logo na comissão de frente. Integrantes vestidos
como o deus Thor -- responsável por conduzir a história segundo o
enredo -- levavam um martelo que parecia levitar.
Em um carro com uma bandeira metade da Alemanha e a outra metade do
Brasil, outros membros se debruçavam para trás, dando a sensação de que
iriam cair. Eles estavam, na verdade, presos a uma bota afixada no chão,
que pesa sete quilos.
mais da unidos da tijuca
A Velha-Guarda, que costuma encerrar a maioria dos desfiles, foi colocada logo no início, antes do abre-alas.
E com a passagem do abre-alas, um som de trovão tomou a Sapucaí.
Embalados pelo efeito sonoro, a cada metade de setor os componentes da
alegoria faziam uma demonstração de salto olímpico em uma "piscina"
negra de espuma. O carro era o maior da escola neste ano: media 11
metros.
Juntos há 20 anos na avenida, o primeiro casal de mestre-sala e
porta-bandeira, Marquinhos e Giovanna, usavam uma roupa toda preta,
feita com plumas de faisão, cheia de luzes de LED que acendiam durante o
desfile, mudando de cor. Os tons variavam entre amarelo, azul, rosa e
vermelho.
Outro casal que veio depois vestia trajes inteiramente feitos em borracha pintada em tons de azul, sem nenhum brilho.
Mais um "carro vivo", a alegoria "A floresta encantada" trazia 75
duendes que "se transformavam" em cogumelos dançantes. Os membros desse
carro poderiam ter, no máximo, 1,72 m de altura, para caber na fantasia.
O samba foi defendido pelo intérprete Bruno Ribas, embalado pela
bateria comandada por mestre Casagrande. Os ritmistas estavam vestidos
de Músicos de Bremen, numa referência à fábula dos irmãos Grimm. A atriz
Juliana Alves estreou como rainha de bateria da escola.
Toboágua e piscina
A terceira parte do desfile foi dedicada às artes e à cultura. Neste
setor surgiram referências ao filme alemão “Anjo azul”, ao teatro de
Goethe, à música e à ópera “O holandês voador”, de Wagner, entre outras.
Em seguida, a Tijuca entrou no universo infantil, com brinquedos
inventados pelos alemães, como a boneca de corda e o Playmobil. Também
ganharam vida as personagens dos contos dos Irmãos Grimm.
Um carro em forma de parque de diversões levou à passarela do samba uma
piscina de 12 mil litros e um toboágua, no qual 30 integrantes da
escola escorregavam no meio do desfile.
No quinto setor, entraram invenções alemãs, como o raio-X, o Zeppelin e
o foguete de guerra, precursor do foguete espacial, que levou o homem à
Lua. Também foi mostrada a primeira forma de impressão de manuscritos.
O desfile terminou com uma homenagem ao ano da Alemanha no Brasil, onde
estavam presentes a culinária, a cerveja e o legado dos imigrantes
alemãs.
O último carro trazia 60 "tulipas" de cerveja gigantes. Cada uma tinha
um compressor que produzia bolhas imitando um colarinho.
Após a apresentação,
o carnavalesco Paulo Barros disse à TV Globo que o desfile "foi perfeito".
Ele afirmou que não viu os problemas que a escola enfrentou para entrar
no Sambódromo. "Meu sentimento é de dever cumprido. A arquibanda foi
receptiva, alegre. Estou satisfeito", disse.
Fundada em 1931, a Unidos da Tijuca é uma das mais antigas do Brasil, e
surgiu da união de dois blocos das redondezas do Morro do Borel, na
Tijuca, Zona Norte do Rio.
Foi campeã em 1936 e depois amargou muitos anos de dificuldades, caindo
para o Grupo de Acesso. Em 2004, com o carnavalesco Paulo Barros,
chamou a atenção do público com o inventivo carro do DNA. De lá para cá,
a escola conquistou dois títulos e três vice-campeonatos