quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

a rainha celta que desafiou Roma

Ela era apenas a rainha de uma tribo celta em um canto da Grã Bretanha. Mas após a morte de seu marido e de ver sua tribo ser invadida, ter suas terras tomadas e testemunhar o estrupro de suas filhas, ela entrou para a história. Boadicea liderou a maior revolta contra os romanos em 400 anos de domínio da Britânia. A rainha furiosa colocou abaixo 3 das mais importantes cidades da ilha, incluindo Londres, e massacrou 70 mil romanos. E fez o imperador Nero considerar a possibilidade de recolher as tropas e desistir da região. "Boadicea era alta, terrível de olhar. Uma cascata de cabelos vermelhos alcançava seus joelhos", escreveu o historiador romano Dion Cássio. "Usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multicolorida e um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos que olhassem para ela."

O ano era 60 ou 61. Apenas 17 anos antes os romanos tinham chegado à Grã- Bretanha, ocupando um território povoado por tribos celtas. Eles ocupavam as aldeias existentes e permitiam que seus líderes permanecessem no poder, desde que aceitassem Nero como imperador e pagassem impostos. Era esse o caso da tribo dos icenos.


Os icenos viviam no noroeste da ilha (hoje perto da cidade de Norfolk). Seu rei, Prasutagos, temia pelo futuro da família após sua morte e em testamento propôs uma solução conciliatória: metade do reino ficaria para sua mulher, Boadicea, e as duas filhas. A outra metade seria de Roma. Mas os conquistadores romanos resolveram ficar com o reino todo. Diante da resistência dos icenos, invadiram a aldeia, açoitaram a rainha e estupraram suas duas filhas, de 10 e 12 anos. Boadicea, humilhada, se uniu com as tribos vizinhas, também insatisfeitas com o domínio romano, e logo um exército de 100 mil bretões estava marchando em direção à capital da Britânia, Camulodunum (hoje Colchester). "Os bretões passaram a ser cidadãos de segunda classe em seu próprio país. Roma controlava seu dinheiro, terras, armas e liberdade," afirma o historiador Dan Snow, no documentário Battlefield Britain (campo de batalha britânico), da BBC.


Os revoltosos começaram com uma invasão de uma cidade completamente despreparada, sem muros ou aparatos de proteção, colocando fogo nas casas e matando quem estivesse no caminho em Camulodunum. Parte da população correu para se abrigar na principal construção da cidade, um gigantesco e imponente templo em homenagem ao antigo imperador Cláudio. Apesar de não terem armas sofisticadas, os celtas contavam com uma vantagem militar - as bigas de guerra, pequenas carroças ocupadas por um dupla de guerreiro e cavaleiro. Os romanos só usavam bigas em eventos esportivos, nunca em combate.

Uma intervenção das tropas romanas era a única esperança para os habitantes da capital, mas o governador da Britânia, Gaio Suetônio Paulino, estava com metade do exército do outro lado do país, em Anglesey, o centro dos druidas, massacrando os sacerdotes celtas. Enquanto Paulino colocava abaixo um pilar da sociedade celta, os romanos sofriam, dentro de seu templo principal, a vingança dos bretões.

O restante das tropas romanas se dividia em duas legiões, com 5 mil homens cada, mas apenas uma delas estava perto o suficiente para socorrer a cidade. Mas no caminho, foi interceptada pelo exército de Bodicea e massacrada também. Depois de dois dias de cerco ao templo, a rainha decidiu incendiar a construção e queimar vivos todos os que estavam lá dentro. Depois do ataque, não sobrou nada da então grandiosa capital.

Os revoltosos se dirigiram então para o principal centro comercial da Britânia: Londinium, hoje Londres. Seguindo na mesma direção estava o governador Paulino, com sua cavalaria, enquanto a infantaria vinha bem atrás, marchando. Ao ver o tamanho do exército celta (agora ainda maior, já que Boadicea arregimentou novos voluntários pelas tribos do caminho), o governador decidiu largar Londres à própria sorte e foi encontrar as tropas e pensar numa estratégia para derrotar a rebelião.

Boadicea não teve qualquer dificuldade para queimar Londres inteira, trucidar a população e partir dali para Verulamium, no noroeste, hoje uma aprazível cidade conhecida por St Albans, destruída pelos celtas da sua maneira habitual. "Nas cidades pelas quais Boadicea passou, escavações encontraram grossas camadas de cinzas, datadas de 60 ou 61", diz Richard Hingley, professor de arqueologia da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha. "Em Londres essa camada tem meio metro de espessura." Enquanto isso, nem todas as tropas haviam conseguido encontrar o governador Paulino. Ele só contava com 10 mil homens para enfrentar 230 mil revoltosos.

Boadicea seguia sua marcha e os romanos se posicionaram no caminho para esperar a chegada dos celtas para a batalha final. Apesar de estarem em desvantagem numérica, os romanos tinham a seu favor armamentos melhores, além de disciplina e estratégia militar superiores. O embate ficou conhecido como Batalha de Watling Street. O que se sabe é que os soldados romanos derrotaram os celtas. Depois de dar cabo dos guerreiros, massacraram suas famílias, já que todos viajavam juntos. Acredita-se que Boadicea e suas filhas, para não serem aprisionadas, se suicidaram tomando veneno.

Hoje, o turista que visita Londres pode ver uma grande estátua de Boadicea, ao lado do Big Ben, na saída do metrô de Westminster. Poucos, porém, sabem que quase 2 mil anos atrás a moça, montada numa biga e com sangue nos olhos, foi responsável por queimar Londres e chegou perto de fazer Nero desistir da Grã-Bretanha. "A rebelião foi um momento crucial do império romano. Havia um risco real de outras regiões seguirem o exemplo de Boadicea", diz Miranda Aldhouse-Green, professora da Universidade de Cardiff.

Os Celtas

Os celtas eram um grupo de tribos e comunidades independentes que se espalhou por toda a Europa durante o período conhecido por Idade do Ferro, entre 800 a.C. e 400, com variações dependendo da região. No continente europeu provavelmente os celtas mais famosos são os gauleses, que ocupavam a França e ficaram conhecidos ao inspirar as histórias em quadrinhos de Asterix.

Aqueles que ocupavam as ilhas britânicas também eram conhecidos por bretões e sua cultura e línguas ainda se mantém vivas em partes do Reino Unido, como no País de Gales, Escócia, Irlanda e ilha de Man. Algumas línguas celtas sobrevivem até hoje, como o galês (falado no País de Gales) e o Manx (na ilha de Man). Ambas são completamente diferentes do inglês.

Os druidas tinham um papel importante na sociedade celta - apesar de serem normalmente definidos como sacerdotes, eles tinham funções de conselheiros e curandeiros. Já os bardos eram responsáveis por transmitir as lendas e histórias da cultura celta. Como não usavam a escrita para registrar sua história, sabe-se hoje muito pouco da cultura e da sociedade celta. Os textos romanos são as principais fontes de informação.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Delegado: fisiculturista foi asfixiada e marido será indiciado por morte

Delegado: fisiculturista foi asfixiada e marido será indiciado por morte

Polícia vai indiciar marido de fisiculturista morta por asfixia
 A Polícia Civil do Rio Grande do Norte vai indiciar Alexandre Furtado Paes, marido da fisioculturista Fabiana Caggiano Paes, 36 anos, morta em um hotel de Natal no dia 2 de janeiro, por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Laudo do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) divulgado nesta quarta-feira pelo delegado Frank Albuquerque aponta que Fabiana foi vítima de asfixia mecânica.
"Ainda não encerramos o inquérito, mas já temos certeza do que aconteceu. Ela foi asfixiada pelo esposo. A causa da morte foi a falta de oxigênio no cérebro", disse o delegado. Fabiana morava em Osasco (SP) e estava de férias no Nordeste com familiares, incluindo o marido, que também é fisiculturista.
"No Itep, o perito encontrou sinais de asfixia, tanto no pescoço como nos pulmões", explicou o delegado. "O médico que atendeu ela no hospital (quando Fabiana foi socorrida), já desconfiava de alguma coisa, pois era uma moça nova, atleta, saudável, e não tinha motivos para ter uma parada cardíaca."
Pelo relato de Alexandre à polícia, Fabiana teria desmaiado quando tomava banho. Ele chegou a dizer que encontrou o corpo da mulher caído e a água quente do chuveiro jorrando. No depoimento, o atleta destacou ainda que para poder sair do banheiro com o corpo da mulher quebrou o vidro do box.
De acordo com Albuquerque, as atitudes de Alexandre após a morte da mulher fizeram com que a polícia desconfiasse dele. "Ainda no hospital, ele perguntou para o médico se o corpo poderia ser liberado sem ir para o serviço de verificação de óbitos. No Itep, de novo, questionou se poderia liberar o corpo para levar a São Paulo e, depois, se poderia recebê-lo porque iria cremá-lo em João Pessoa."
"Além disso, quando ele foi ouvido, ele chegou a dizer que a mãe de Fabiana queria que ela fosse cremada. Conversando com a mãe, descobrimos que era mentira e que as duas nunca tiveram nenhuma conversa nesse sentido", disse o delegado.
Albuquerque ainda tem 10 dias para concluir o inquérito. Ele disse que, por enquanto, não tem a intenção de pedir a prisão preventiva de Alexandre, que mora em Osasco.