segunda-feira, 27 de abril de 2020

Cinco capitais estão próximas do colapso do sistema de saúde, aponta pesquisa

RIO — O sistema de saúde de cinco capitais brasileiras — Manaus, Macapá, São Paulo, Fortaleza ePalmas — está próximo do colapso por conta do novo coronavírus. É o que aponta um índice desenvolvido por pesquisadores de quatro universidades brasileiras e que mensura, por meio de um modelo matemático, a utilização da estrutura hospitalar pública e privada.

O índice considera a quantidade de leitos clínicos, respiradores e de médicos em fevereiro, de acordo com informações do DataSUS, e o número de casos confirmados e óbitos até 20 de abril por Covid-19, registrado pelas secretarias de saúde e coletados pelo Brasil.IO. O cálculo foi feito por pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (EESC/USP), Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA), Universidade Estadual Paulista (Unesp-Bauru) e UniversidadeFederal de São Carlos (UFSCar).

De acordo com o índice, quanto mais perto de 1 estiver a estrutura hospitalar de uma região, maior a probabilidade do seu limite ou do colapso. É o caso das cinco capitais citadas. Em Manaus, a disparada de mortes também já afeta cemitérios, como mostrou O GLOBO. A capital do Amazonas somou até esta quarta-feira 1.958 casos confirmados e 163 mortes pro Covid-19.
Os dados apontam ainda que São Luís, Recife e Rio deJaneiro também estão em situação de alerta, perto de uma saturação do sistema, com índice entre de 0,59 e 0,92. Quando analisados os estados, a estrutura hospitalar de Amazonas, Amapá, São Paulo,Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro está próxima do limite.
O levantamento não contabiliza recentes iniciativas dos governos dos estados e federal para ampliar a oferta de leitos e equipamentos, além da contratação de profissionais de saúde. Coordenador do estudo e professor da UFRA, Diogo Ferraz explica que não há ainda dados unificados sobre a ampliação — em alguns estados feita por exemplo por meio de hospitais de campanha — e que é importante que o governo federal divulgue essas informações.
— O índice é um bom termômetro para interpretar o momento atual e alertar sobre quais são os lugares com mais vulnerabilidade e que precisam de mais recursos. Também traz informações mais amplas que a taxa leitos, porque leva em consideração respiradores e médicos. Não adianta, por exemplo, ter leitos e não ter médicos — explica o pesquisador.
O índice aponta que mesmo cidades com poucos casos do novo coronavírus registrados têm alta probabilidade de entrar em colapso, como Palmas. A capital do Tocantins soma 25 casos desinfecção pelo vírus e uma morte confirmada, mas tem uma das menores estruturas de saúde do país.
— Palmas é uma das capitais com menos médicos e respiradores. Embora tenha poucos casos, se o coronavírus continuar crescendo, é muito fácil entrar em colapso — diz DiogoFerraz.

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