Estudo mostra que maioria da população de rua não bebe nem usa drogas
Pesquisa derrubou mitos e trouxe à tona outra
realidade sobre o perfil dessa população; somente 13% dos moradores de
rua são analfabetos, 65% não bebem e 62% não usam drogas
17/05/2013
Igor Carvalho
O
Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de
Janeiro realizou um estudo para traçar um perfil das pessoas em situação
de rua, na região metropolitana da capital. A pesquisa derrubou mitos e
trouxe à tona outra realidade sobre o perfil dessa população. Somente
13% dos moradores de rua são analfabetos, 65% não bebem e 62% não usam
drogas.
“A intenção do projeto era realizar um
mapeamento dessa população. É muito difícil realizar esse censo, nem o
Censo do IBGE os afirma, pois parte da premissa do endereço,ou seja,
são pessoas invisíveis”, afirmou a coordenadora do estudo, Juliana
Moreira.
Para o vereador Renato Cinco (PSOL), a
desmistificação dos hábitos da população de rua é “extremamente
importante”. “Esse estudo fortalece uma crítica que fazemos ao governo e
para a imprensa, que sempre transformou a população de rua como
‘cracudos’. Espero que possamos tratar dessa população sem os estigmas e
os mitos que recaem sobre eles.”
“Há relatos
durante as entrevistas de violação de Direitos Humanos por parte dos
agentes da prefeitura. Os relatos apontam que esses agentes rasgam os
documentos”, disse Cinco sobre o projeto “População de Rua”, da
prefeitura do Rio, que começou em dezembro. “Tenho escutado muitas
denúncias de violência contra moradores de rua nessas abordagens do
projeto. É um processo de higienização no Rio de Janeiro.”
O
Ministério Público do Rio entrou com uma ação civil pública, onde pede a
perda de função pública e suspensão por cinco anos dos direitos
políticos do prefeito Eduardo Paes e do secretário de governo, Rodrigo
Bethlem, por conta da ação adotada contra moradores de rua. Segundo a
promotoria, os agentes utilizam armas de fogo para levarem
compulsoriamente as pessoas a um abrigo.
A
ausência dos documentos evita que pessoas em situação de rua não tenham
acesso a políticas sociais. A Defensoria escutou 1.247 pessoas em
situação de rua, destes, 1.049 não possui acesso a benefícios
assistenciais.
Com os resultados, a Defensoria
irá estabelecer parcerias com o Tribunal de Justiça e o Ministério do
Trabalho, para emitir novos documentos e emitir a Carteira de Trabalho
da população de rua.
Foto: Marcello Casal Jr/ABr
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