sexta-feira, 24 de abril de 2020

Após ajudar a eleger Bolsonaro, Moro aduba impeachment no discurso de saída.

"Disse ao presidente que seria uma interferência política. E ele respondeu: seria mesmo." Em seu discurso de saída, na manhã desta sexta (24), Sergio Moro não apenas descolou definitivamente Jair Bolsonaro do combate à corrupção, mas denunciou pressão do presidente da República para manipular a ação da Polícia Federal...


E ao questionar a razão do desejo de trocar o diretor-geral da instituição sem nenhum motivo técnico, o agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública indicou tentativa de obstrução em investigações por parte de Bolsonaro. Na prática, Moro imputou um crime de responsabilidade, ao vivo, na TV. Ou melhor, vazou mais uma conversa comprometedora da República. Mas, desta vez, o gravador era ele mesmo. Poucas pessoas ajudaram tanto a eleger um presidente quanto Moro. E poucas podem contribuir tanto com sua derrocada, ainda mais se os lavajatistas - base conjuntural de Bolsonaro - resolverem segui-lo...
Nesse sentido, ele posicionou o presidente abaixo daquilo que os moristas mais odeiam: o PT. Elogiou mais de uma vez a gestão de Dilma Rousseff e Luís Inácio Lula da Silva, que - segundo ele - não interferiram na Polícia Federal como o atual governo, o que possibilitou - em sua avaliação - o combate à corrupção. Nada ofende mais Bolsonaro do que essa afirmação. O então juiz da Lava Jato foi um dos principais responsáveis por impedir a candidatura do ex-presidente Lula, correndo com a polêmica condenação por conta do Triplex, no Guarujá, para que uma decisão em segunda instância o tirasse do páreo - o que veio a acontecer. O líder petista era o único que derrotava o atual presidente... 
Moro chegou a interferir na campanha eleitoral diretamente quando, seis dias antes do primeiro turno de 2018, divulgou trechos de uma delação de Antonio Palocci. A própria força-tarefa dos procuradores explicou que elas não traziam nada de útil para a investigação. Mas algo que não tem força nos autos do processo pode ter impacto na política. Tudo isso foi bem resumido pelo próprio Bolsonaro, no dia 8 de novembro do ano passado, quando afirmou: "Se essa missão dele não fosse bem cumprida, eu também não estaria aqui, então, em parte, o que acontece na política do Brasil devemos a Sergio Moro". Moro, em seus quase 16 meses no cargo, não conseguiu deixar nenhuma marca relevante. Seu... 

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